Informações etnográficas
Esta indumentária representa a Orixá Oxum, divindade do Candomblé associada às águas doces — rios, lagos e cachoeiras. Sua saudação é Eri ieiê ô ou Ora ieiê ô, que significa “deusa do rio desse nome”. Oxum é senhora do poder feminino, da fecundidade, da gestação e da maternidade. Também é ligada ao ouro, à riqueza e à vaidade, sendo descrita como graciosa, elegante e apreciadora de joias, perfumes e vestimentas requintadas. Sua dança ritual imita uma mulher banhando-se no rio, penteando os cabelos e contemplando o próprio reflexo no espelho (abebé).
Oxum possui 16 qualidades distintas, e suas vestimentas variam conforme a qualidade e a nação de Candomblé. A peça aqui apresentada não representa uma qualidade específica, mas reúne elementos típicos da indumentária básica da Orixá. As cores mais associadas a Oxum são o amarelo e o dourado, ligadas à fertilidade, à felicidade, à fortuna, às águas correntes e ao mistério da gestação. O ovo (pupa eyin, “vermelho gema”) é outro símbolo importante, relacionado ao ventre fecundado.
Os axés de Oxum, representações de sua força e energia, são tradicionalmente elementos da natureza. O abebé, seu principal símbolo, é um leque com espelho central, ornamentado em alto-relevo com figuras de peixes e pombas, representando o ventre fecundado. Antigamente confeccionado em cobre — metal abundante no rio Oxum e associado ao poder e ao mistério da gestação —, é atualmente produzido em latão ou ouro.
